Em um gesto dramático transmitido pela televisão estatal venezuelana na última segunda-feira (6), o presidente Nicolás Maduro desinstalou publicamente o aplicativo WhatsApp de seu celular. Esta ação simbólica marca uma escalada na retórica do líder venezuelano contra plataformas de mídia social, em meio a crescentes tensões pós-eleitorais no país.
Maduro acusou o WhatsApp de ser um instrumento de desestabilização, alegando que o aplicativo está sendo usado para ameaçar a Venezuela. "O WhatsApp entregou a lista de toda a Venezuela ao narcotráfico colombiano, ao imperialismo tecnológico, para que atacassem e enlouquecessem a família venezuelana", declarou o presidente, sem apresentar evidências concretas para sustentar tais afirmações.
O líder venezuelano incentivou seus apoiadores a migrarem para outras plataformas de mensagens, como o Telegram e o WeChat, respectivamente de origem russa e chinesa. Esta recomendação reflete uma tendência de alinhamento com potências não-ocidentais, característica da política externa de Maduro.
A postura do presidente contra o WhatsApp se estende a outras redes sociais. Anteriormente, Maduro já havia criticado o Instagram e o TikTok, classificando-os como "multiplicadores do ódio" no país. Estas declarações sugerem uma crescente desconfiança do regime venezuelano em relação às plataformas de mídia social, especialmente aquelas de origem americana.
O contexto desta ação é crucial. A Venezuela encontra-se em sua segunda semana de instabilidade política após as contestadas eleições presidenciais. A oposição, liderada por Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, alega vitória e exige a divulgação das atas de votação, um pedido até agora não atendido pelo regime.
Em resposta, González e Machado divulgaram uma carta aberta solicitando que as Forças Armadas reconheçam o candidato opositor como o legítimo vencedor do pleito. Esta movimentação aumenta a pressão sobre o governo Maduro e as instituições militares do país.
A decisão de Maduro de romper publicamente com o WhatsApp pode ser interpretada como uma tentativa de controlar a narrativa em um momento de crescente contestação política. Ao acusar plataformas de mídia social de interferência, o presidente busca deslegitimar potenciais canais de organização e disseminação de informações da oposição.
Esta situação levanta questões importantes sobre liberdade de expressão, acesso à informação e o papel das redes sociais em contextos políticos tensos. A medida de Maduro pode prenunciar futuras restrições ao uso de aplicativos de mensagens e redes sociais na Venezuela, uma tendência preocupante para defensores dos direitos digitais e da liberdade de imprensa.
À medida que a crise política se desenrola, a comunidade internacional observa atentamente os desenvolvimentos na Venezuela. A postura de Maduro em relação às plataformas de mídia social pode ter implicações significativas não apenas para a política interna do país, mas também para suas relações diplomáticas e econômicas internacionais.